O que é o Free Cash Flow (ou “Fluxo de caixa do acionista”)?
O Free Cash Flow (ou fluxo de caixa do acionista) é um indicador que representa quanto de fato a operação de uma empresa gerou de caixa, sem incluir as despesas financeiras. Para se chegar nesse resultado, partimos do Lucro Antes do Resultado Financeiro (EBIT), incluímos o efeito do imposto de renda, contribuição social, investimentos (CAPEX), variação no capital de giro e excluímos os efeitos da depreciação. Então:
= Lucro Antes do Resultado Financeiro (EBIT)
– Imposto de Renda e Contribuição Social
+ Depreciação e Amortização
– Variação do Capital de Giro
– CAPEX
= Free Cash Flow
Como calcular a variação no capital de giro (working capital)?
Para calcular a variação no capital de giro (VCG), primeiro temos que calcular o capital de giro em si. No conceito clássico americano, o capital de giro é ATIVO CIRCULANTE – PASSIVO CIRCULANTE.
Vamos supor o seguinte:
Em 2014 meu working capital foi de 2.000.000
Em 2015 meu working capital foi de 1.000.000
Em 2016 meu working capital foi de 4.000.000
A variação no capital de giro de 2015 foi de – 1.000.000 e a variação de 2016 foi de 3.000.000.
OBS.: Na conta de “Free Cash Flow”, como a VCG é subtraída da equação, 2015 entraria como “+ 1.000.000” e 2016 como “- 3.000.000”
Como calcular o CAPEX (Capital Expenditures: Investimentos)?
O CAPEX é um indicador que visa avaliar quanto se investiu em ativos imobilizados da empresa. Basicamente para chegar no CAPEX precisamos verificar qual foi a variação de ativo imobilizado de um ano para o outro (parecido com o que fizemos na Variação do Capital de Giro). Por exemplo:
Em 2014 meu ativo imobilizado era de 20.000.000
Em 2015 ele foi de 21.000.000
Em 2016 o ativo imobilizado saltou para 24.000.000
O CAPEX em 2015 foi de 1.000.000 e em 2016 foi de 3.000.000 (variação de um ano para o outro).
Cuidados:
- Na maior parte dos casos é recomendado tirar os ativos intangíveis deste cálculo, uma vez que ele normalmente representa marcas, patentes, processos e assemelhados, que não são investimentos vitais para manter a produtividade da empresa. Em empresas de tecnologia, onde o software acaba sendo classificado como um ativo intangível, pode ser importante manter o ativo intangível dentro da conta do CAPEX. Se é necessário que ele o software seja constantemente aperfeiçoado para que a empresa mantenha sua competitividade no mercado, ele é sim parte do CAPEX. Caso contrário, é menos provável que faça sentido manter intangíveis no CAPEX.
- Tire dessa conta todos os ativos obtidos através de aquisições (a não ser que a empresa em questão seja uma aquisitora em série, nesse caso provavelmente as aquisições fazem parte de seus investimentos em imobilizado e de sua estratégia para se manter competitiva no mercado)
A mensuração da necessidade de CAPEX é uma etapa importante da avaliação de empresas (valuation).
Como descobrir as médias de um determinado setor?
Para conseguir ter uma noção se os números da sua empresa estão baixos ou altos, é importante fazer uma análise de benchmarks e uma pesquisa setorial. Para isso será necessário ter acesso a demonstrativos financeiros de outras empresas do seu setor. Este tipo de informação está disponível gratuitamente no site da CVM ou da Bovespa, no entanto a amostragem de empresas é muito pequena e é difícil de usar estas empresas como benchmarks. O ideal é usar a base de demonstrativos financeiros de empresas de capital fechado da Klooks.